Céu vira o disco mais uma vez com ‘Novela’, álbum criado com melodias, cordas e levadas, mas sem melodrama

  • 29/04/2024
(Foto: Reprodução)
Artista lança álbum autoral feito de forma analógica em Los Angeles, com produção orquestrada por Adrian Younge, e com parcerias de Céu com Marcos Valle e de Nando Reis com o pastor Kleber Lucas. Capa do álbum 'Novela', de Céu Divulgação Resenha de álbum Título: Novela Artista: Céu Edição: Urban Jungle Records / ONErpm Cotação: ★ ★ ★ ★ ♪ “1, 2, 3, 4!...”. A contagem típica dos instrumentistas, feita para marcar o tempo de uma música e indicar o início do momento de todos começarem a tocar, é sintomaticamente o primeiro som ouvido no sexto álbum de músicas inéditas de Céu, Novela, em rotação desde sexta-feira, 26 de abril. A introdução sinaliza o modo orgânico e direto como a cantora e compositora paulistana formatou o álbum Novela em 2023 no Linear Labs Studio, em Los Angeles, Califórnia (EUA), com produção musical orquestrada pelo multi-instrumentista e arranjador norte-americano Adrian Younge – dono do estúdio – com Pupillo Oliveira (nome recorrente na produção dos discos da artista) e com a própria Céu. Céu captou as 12 faixas do álbum Novela ao vivo no estúdio, com o trio-base da banda do disco – Adrian Younge (piano, guitarra, vibrafone, órgão e baixo), Lucas Martins (baixo, violão e guitarra) e Pupillo (bateria, percussão e) – tocando junto, como em um show sem plateia. Em bom português, Céu mudou o disco. Mais uma vez, como tem feito de tempos em tempos. Novela se desenvolve de modo analógico, na contramão do acabamento sintético e do formato eletrônico dos dois álbuns anteriores de músicas inéditas da artista, o luminoso Tropix (2016) e o descendente APKÁ! (2019), ambos produzidos por Pupillo com Hervé Salters, tecladista do grupo francês de rock-funk eletrônico General Elektriks. Antecedido por single que apresentou a morosa faixa Gerando na alta, música composta e gravada por Céu com a franco-senegalesa Anaiis, Novela tem vários capítulos (bem) melhores na narrativa musical costurada com elementos de soul, canção, rap e bolero, além das cordas orquestradas pelo produtor Adrian Younge. Raiou (Céu, Antonio Neves e Ladybug Mecca) e Cremosa (Céu e Lucas Martins) são faixas mais radiantes pelas levadas, trunfos do álbum Novela. Raiou incorpora o canto de LadyBug Mecca, MC e compositora norte-americana – filha de pais brasileiros – do trio de rap Digable Planets (cabe assinalar que Adrian Younge é produtor musical primordialmente associado a grandes nomes de hip hop norte-americano como Kendrick Lamar, Snoop Dogg e Wu Tang Clan). Composição somente de Céu, Crushinho sobressai pelo refrão envolvente, melódico, atípico no cancioneiro da artista. Céu assina a produção musical do álbum ‘Novela’ com o norte-americano Adrian Younge e com Pupillo Oliveira Fernando Mendes / Divulgação “Eu sou a protagonista da minha novela”, ressalta a cantora em verso de Into my novela (Céu, Lucas Martins e Pupillo), música que reitera o fato de a safra autoral do álbum Novela ter formato incomum na obra dessa artista projetada há 19 anos, dentro e além das fronteiras do Brasil, com a edição de um primeiro álbum, Céu (2005), que abriu capítulo na produção fonográfica indie nacional. Já Mucho ôro (Céu) cintila com romantismo inesperado enquanto High na cachú (Céu, Hervé Salters e Pupillo) cai no suingue do reggae, com alto astral, mas dentro do universo particular da produção de Adrian Younge. O arranjo valoriza a música. Buá buá (Céu e Gabriel Reyes-Whittaker) parece brincar com o melodrama nos versos “Chora todas lágrimas que um dia/ Você recusou chorar/ Chora porque reconhece/ Que uma dessas você não vai achar” ao mesmo tempo em que se desvia desse melodrama pela produção refinada feita com a colaboração de Frankie Reyes, DJ e produtor americano de ascendência porto-riquenha. Sim, a Novela de Céu recusa o sentimentalismo, o chororô romântico. Antecedida pela Vinheta Dorival II (Céu e Beto Villares), faixa de meio minuto pontuada pelo assovio de Loren Oden, Lustrando estrela (Céu, Lucas Martins e Adrian Younge) tem brilho distante dos amores pixelados de Tropix, o já mencionado grande álbum de 2016, criado em outra galáxia. “Eu sou feita das coisas da terra”, reforça Céu em verso de Lustrando estrela que se afina com as emoções reais expostas em Corpo e colo, música que abre a parceria de Nando Reis com Kleber Lucas, cantor, compositor e pastor associado à música cristã de raiz evangélica. Corpo e colo é a faixa do álbum Novela que mais se aproxima do formato tradicional da canção. Já Reescreve, primeira parceria de Céu com Marcos Valle, se beneficia mais da arquitetura da produção luxuosa do disco. No todo, o álbum Novela se impõe como mais um bom capítulo da discografia de Céu, artista que sabe virar o disco de tempos em tempos para evitar a repetição, a tal barriga que dilui a força de novelas e também de carreiras musicais.

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2024/04/29/ceu-vira-o-disco-mais-uma-vez-com-novela-album-criado-com-melodias-cordas-e-levadas-mas-sem-melodrama.ghtml


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